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‘Bumba na Fofinha’: “Parece que temos de estar com não sei quantos espelhos retrovisores para ver a piada de 10 ângulos”

"Acho que, se calhar, temos de ser um bocadinho mais calculistas para garantir que as coisas são entendidas do outro lado."

Ana Ramos
5 min leitura
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Mariana Cabral, também conhecida como ‘Bumba na Fofinha’, foi a mais recente convidada de Francisco Pedro Balsemão no podcast “Geração 80” e falou sobre o seu trabalho como humorista e o impacto das redes sociais.

A dada altura da conversa, Mariana Cabral comentava: “Os podcasts ainda são sítios onde há segurança e alguma liberdade, mas, de resto, agora estamos todos… parece que temos de estar com não sei quantos espelhos retrovisores para ver a piada de 10 ângulos diferentes e a garantir que ela é bem entendida. E, mesmo assim, ela poderá ser sempre retirada de contexto e vai ser sempre ofensiva para alguém”.

“Eu acho que tenho um humor extremamente… sei lá, não sou propriamente disruptiva nem polémica. Ainda assim, há muita gente zangada comigo por coisas que eu digo. Há pessoas que me acham ordinária”, contou ‘Bumba na Fofinha’.

“Fazem comentários [nas redes sociais]. Confesso que não me afeta minimamente, são haters normais e não tenho muitos, mas é impossível não ter. A partir de um certo número de pessoas, basta falares para um tipo virar a frase, analisar o sujeito e o predicado e ofenderem-se com algum deles”, continuou ‘Bumba na Fofinha’.

“E aceito bem que isso seja assim, mas é só mais cansativo, porque sinto que há um trabalho quase de 360, de perceber: ‘Estou a dizer isto como quero dizer? Como é que isto vai ser entendido?’. Temos de pensar muitas mais vezes em como é que isto vai ser entendido do outro lado, se estamos a passar bem, se a piada está blindada o suficiente”, acrescentou ‘Bumba na Fofinha’.

‘Bumba na Fofinha’ acredita que não se trata de “autocensura”: “Eu acho que dá mais trabalho, é este trabalho que tens de fazer”.

“Se calhar, tens de ser mais inteligente a fazer as piadas. Não podes ser tão bacoco, tão direto, tão impulsivo. Acho que, se calhar, temos de ser um bocadinho mais calculistas para garantir que as coisas são entendidas do outro lado. Depois, também aceitar que vai dar m*rda na maioria dos casos, porque é impossível não dar. E isto é válido para toda a gente que fala em público agora”, rematou ‘Bumba na Fofinha’.

‘Bumba na Fofinha’ admitiu que liga aos comentários, mas que, por vezes, decide não ler: “Quando leio, poucas coisas me afetam a não ser as que caem perto de inseguranças que tenho”.

“Acho que, às vezes, há comentários que são críticas e que levo para a minha aprendizagem, sendo o meu público, é a eles que eu quero agradar, eu existo por causa deles. Uma pessoa, para passar pelas construtivas, às vezes, tem de passar pelo lodo. Às vezes, é difícil sair totalmente incólume do lodo”, considerou ‘Bumba na Fofinha’.

Noutra parte da conversa, ‘Bumba na Fofinha’ confessou que tem “crises existenciais a toda a hora, é quase um hobby”. “Às vezes, sinto que é um bocadinho solitário [o trabalho], não tenho pessoas com quem trocar bolas e não tenho, muitas vezes, quem me valide determinadas ideias e, então, as minhas inseguranças sou eu a geri-las e também a lidar com elas”, disse.

“Eu sou é intempestiva, temperamental… Isso faz parte de mim, sempre fui assim, mas acho que também, se calhar, até é porreiro para o meu olhar no humor. O viver as coisas, às vezes, com uma intensidade desmedida também me traz ângulos diferentes de comédia. Acho que o sou de forma bastante saudável. O meu ser feliz é ter bastantes altos e baixos e lidar com eles. Felizmente, sinto-me até a fazê-lo bem”, comentou ‘Bumba na Fofinha’.

Veja aqui o podcast completo.