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Pedro Chagas Freitas: “Temos no quarto do hospital um casulo de pândega, de uma loucura que nos impede a loucura”

"A vida precisa de fugas constantes à realidade, ao ferimento."

Ana Ramos
3 min leitura
Instagram

Pedro Chagas Freitas tem partilhado, nos últimos dias, algumas reflexões nas redes sociais sobre o período que o filho está a passar internado no hospital. Esta terça-feira, relatou as brincadeiras que tem com Benjamim.

“‘Pai, não sei se quero sair do hospital rapidamente’. És feliz aqui. Os locais não valem o que são, valem o que fazemos com o que são, o que tiramos do que são. O forrobodó deveria ser receitado. A alegria cura”, começou por referir o escritor no Instagram.

“Sinto-o nos ossos, a cada minuto aqui, ao longo destas três semanas fechado num hospital. É a piada sem sentido, a imitação de personagens, o teatro de fantoches, a música cantada bem desafinada, os livros que se leem, os carros e as pistas pelo chão, pela cama, aquilo que nos permite manter a sanidade possível, a vida possível, a esperança possível”, sublinhou Pedro Chagas Freitas.

“No meio da angústia, o que nos salva é o riso. Tentamos, enclausurados neste quarto, construir uma casa de brincar, uma casa de legos, talvez, sustentada na capacidade (e custa tanto, tanto, com o cansaço, a desmotivação, a desesperança que aqui e ali aparecem mais fortes, mais visíveis, mais densas, mais nubladas, mais apertadas) de nunca parar de brincar, de nunca parar de querer rir, de fazer rir, de dizer a parvoíce, a tolice, a careta, a dança sem sentido”, descreveu Pedro Chagas Freitas.

“É a poesia que nos faz amar melhor; é o humor que nos faz aguentar melhor. Quem entrar no nosso espaço pensará que entrou num circo, num espetáculo de stand-up, numa comédia de algibeira. Não entrou. Entrou no mais espetacular dos shows: o da vida”, descreveu Pedro Chagas Freitas.

“A vida precisa de fugas constantes à realidade, ao ferimento. A seriedade em excesso apaga-nos, dilui-nos. Temos no quarto do hospital um casulo de pândega, de uma loucura que nos impede a loucura. Pela vossa saúde, tenham-na sempre à mão aí em casa”, refletiu Pedro Chagas Freitas.

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